Exposição de artesanatos feitos por internos das unidades prisionais na OAB-ES mostra a importância da ressocialização
A deusa da justiça, pintada em uma tela grande por um interno da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV), chamou a atenção das autoridades e do público presentes no evento “Arte pela Ressocialização” realizado nesta quinta-feira (24/02) no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Espírito Santo (OAB-ES).
Mas a exposição de artesanatos feitos pelos internos das unidades prisionais do Estado, que reuniu mais de 300 obras, contou, ainda, com tapetes, bonecos feitos em crochê, quadros, além de camas para pets, rede de pesca, entre outros. Enquanto os presentes apreciavam os trabalhos, o coral de internos do projeto “Tocando em frente”, da PSVV embalava o local com belas músicas.
A mesa foi composta pela Conselheira da OAB-ES, e uma das organizadoras do evento, Manoela Soares; a vice-presidente, Anabela Galvão, e a secretária-geral adjunta, Silvia Hansen, ambas da Diretoria da Ordem. Além de Karina Rocha Bayerl, subsecretária de Ressocialização da Secretaria de Justiça (Sejus); Gisele de Souza, Coordenadora das Varas Criminais de Execuções Penais; Patrícia Faroni, juíza da Vara de Execuções Penais de Vila Velha do Regime Semiaberto; Nara Borgo, Secretária Estadual de Direitos Humanos; Aline Passos de Oliveira, do Conselho Penitenciário do Espírito Santo; e Roger Firme, Diretor da Administração Geral dos Estabelecimentos Prisionais (Diragesp); além de vários diretores de unidades prisionais.
Manoela Soares ressaltou, durante a apresentação do projeto Reeducandos, que o evento não é da OAB, mas de todos. “A contribuição de cada um de vocês foi muito importante para que este momento acontecesse e fosse lindo, como está sendo. Queria agradecer e dizer que estou muito feliz”.
Já Anabela Galvão começou elogiando a mesa. “Só tem mulheres à frente e homens atrás”, alertou. “É gratificante participar deste evento hoje, de direito humano, através deste lindo trabalho feito pelos internos das unidades prisionais e, claro, por seus executores. Estive em um presídio onde esses artesanatos lindíssimos são produzidos, e vi homens fortes fazendo crochê, isso é fantástico, é a ressignificação da vida”.
Silvia Hansen, também falou do momento: “Gostaria de dizer que nesta gestão da OAB Espírito Santo o lado social foi e está sendo muito trabalhado. Como é importante mostrar que todos nós estamos sujeitos a erros, mas que também temos direito a se redimir e, assim, ter a chance de uma nova vida. E esse trabalho mostra exatamente isso, essa oportunidade de reconstrução para seguir em frente e, melhor, com o próprio trabalho. Parabéns a todos”.
A subsecretária de Ressocialização da Sejus, Karina Rocha Bayerl, ressalta que a Sejus conta com diversas iniciativas que geram oportunidades de qualificação ao interno, com o intuito de que ele retorne para a sociedade mais preparado em suas relações interpessoais e para o mercado de trabalho. “Os artesanatos, como os expostos no evento, trabalham a autoestima e a solidariedade dos internos, já que ao desenvolverem essas peças eles se tornam mais produtivos. A exposição mostra parte do que o sistema prisional realiza e a importância dos projetos de ressocialização desenvolvidos nas unidades”, destaca.
A Coordenadora das Varas Criminais de Execuções Penais, Gisele Souza, também parabenizou a OAB pela iniciativa do projeto. "Ele confere visibilidade à produção artística dos reeducandos, contribuindo para a humanização do sistema prisional através da arte e do trabalho, exercendo a sua inegável responsabilidade social".
Já o interno da Penitenciária Estadual de Vila Velha 2, Wesley Batista dos Santos, participou da exposição mostrando alguns dos trabalhos que desenvolve na fábrica de costura. Ele aprendeu a costurar na unidade prisional. “Estar preso é uma realidade muito difícil para nós, mas com a oportunidade que recebemos, temos condições de mudar de vida. Na unidade prisional aprendi um ofício e, hoje, passo parte do meu tempo ocupado trabalhando. Isso ajuda também a diminuir nossa ansiedade e a saudade da família”, disse.